Vítima


Enquanto no paradigma retributivo o papel reservado a ela é apenas o de servir como testemunha de acusação, nesta perspectiva deixa de ser simples espectadora de um procedimento formal e passa a manifestar-se verdadeiramente, assumindo, assim, o papel de protagonista.  Ela tem a oportunidade de expressar a sua dor, suas necessidades e de ser ouvida por aqueles que, de algum modo, possuem envolvimento com a situação, em especial o ofensor, permitindo assim que este possa, inclusive, refletir sobre a situação e o mal que causou.  Há, então, a possibilidade de ocorrer ruptura dos estereótipos construídos a respeito do ofensor, possibilitando, a partir daí, que a vítima possa vê-lo como um indivíduo real.


Ofensor


Em um procedimento restaurativo, o ofensor, assim como a vítima, tem voz ativa e é tratado com respeito e justiça. O objetivo é adotar medidas que potencializem a sua capacidade de refletir e compreender a natureza socialmente lesiva de seu ato, arrependendo-se pelo dano causado à vitima e tendo oportunidade de repará-lo.  O ofensor tem oportunidade de expor os fatos e suas razões para o cometimento de ato conflituoso ou do delito, sem haver medo de uma condenação, evitando-se, assim, a distorção dos fatos.

Comunidade


A participação da comunidade também se dá de forma ativa. Importante frisar que podem ser consideradas como integrantes da comunidade as pessoas envolvidas no conflito, que podem ser aquelas que fazem parte do círculo de convivência da vítima e do ofensor, tais como seus familiares, amigos e os demais que constam de seu relacionamento pessoal, bem como aquelas que, mesmo que não tenham um relacionamento pessoal com os envolvidos, convivem com eles no mesmo espaço geográfico, trabalho, igreja, vizinhança ou rede de serviços socioassistenciais, médicos, entre outros.


Na perspectiva restaurativa, as partes envolvidas ou interessadas em um conflito reúnem-se para que, coletivamente, decidam como lidar com os resultados gerados a partir dela e com as suas implicações futuras.
Na perspectiva restaurativa, como já foi dito, não há obrigatoriedade de participação. Se apenas a vítima ou o ofensor quiser participar, poderá haver uma proposta de apoio no qual, em conjunto com a comunidade, possam falar do ocorrido, recebendo o apoio necessário, podendo resultar daí a construção de planos ou acordos que permitam auxiliá-los a superar a situação.